sou cativo de ti…
Bordei-te aquele poema com a perplexidade que se sente perante a enormidade dos sentimentos que simplesmente não têm qualquer explicação.
Ocorrem. Sentem-se. São! E eu sou em ti!
Umas vezes sem dúvidas, outras com estupefacção perante o que é grandioso e inexplicável.
Perdoa-me se os meus pontos não foram delicados…
Hoje, tentarei ser mais perfeito para ti… ir ao teu encontro com Amo-te Sempre
de Victor Matos de Sá
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Amo-te sempre
com um pouco de barco e de vento
com uma humildade de mar à tua volta
dentro do meu corpo; com o desespero
de ser tempo;
com um pouco de sol e uma fonte
adormecida na ternura.
Merecer este minuto de palavras habitando
o que há sem fim no teu retrato;
Este mesmo minuto em que chegam e partem navios
- nesta mesma cidade deste
minuto, desta língua, deste
romance diário dos teus olhos –
(e chegarão com armas? refugiados? trigo?
partirão com noivas? missionários? guerras? discursos?)
Merecer a densa beleza do teu corpo
que tem água e ternura, células, penumbra,
que dormiu no berço, dormiu na memória,
que teve soluços, febre, e absurdos desejos
maiores que os braços,
merecer os dias subindo das florestas - e vêm
banhar-se, lentos, nos teus olhos...
Merecer a Igreja, o ajoelhar das palavras,
entre estes cinemas visitando, em duas horas, a alma,
estes eléctricos parando atrás do infinito
para subirem os namorados, a viúva, o cobrador da luz, a
costureira
entre estes homens que ganham dinheiro, sangue frio, ou vícios,
ou medalhasentre estes homens que ganham dinheiro, sangue frio, ou vícios,
e estes telefones roubando a lealdade dos olhos...
Teus cabelos cheirarão ainda a infância
e a vento, depois de passarem por esta fome pública,
estes olhos com regras de trânsito, estes dias sujos,
estes lábios que já não ensinam o pomar
ou a fonte, nem têm gosto de leite e de aurora,
depois destes olhos cheios da pergunta de estarem vivos em vão?
Merecer honradamente este poema, todos os poemas,
como quem parte, entre os dedos a brancura quente de um pão!
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