Breve Introdução por Maria da Serra Verde...

Esta é uma história de amor bordada a dois na fina e delicada arte dos poetas…

Ela borda a linha azul
é uma mulher do mar, do ar, do céu…
aprecia o espaço e a liberdade…
é sonhadora e eloquente, procura a linha do horizonte…
mas nunca esquece a terra firme…
os seus pontos são laboriosos, pequeninos e delicados…
em contraste com a decisão e firmeza de quem sabe o que quer!

Ele borda a linha verde
é um homem da floresta, da montanha…
das gélidas invernias, das paisagens bucólicas e silvestres,
que preza a pacatez e tranquilidade dos dias…
é um idealista, vive sempre noutras dimensões mais atrás ou mais adiante no tempo
os seus pontos são elaborados mas nem sempre com remates seguros!

Entre ambos a trama… da ideia, do sonho, da poesia!
E o crescendo do sentimento que se transforma em amor…

Encontram-se algures na vida…
percorrem-na saboreando as palavras que trocam como acto transcendente de cumplicidade.

Perdem-se um no outro…

Mais à frente as linhas da vida divergem.
E esta rouba-lhes o tempo, tira-lhes o espaço …
Mas as palavras bordadas pelos poetas, essas, permanecem!
Como testemunho do sublime que, um dia, aconteceu entre ambos!

sexta-feira, março 21

(Ela)... quatro anos depois da última palavra

«Versinhos bem-comportados»
Imaginando-me encostada ao teu ombro (embalada pelo "tan-tan" do comboio) não dormia,
‘bordava’ para ti, ainda a medo e sem grandes aparatos, 4 anos depois da última palavra!

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Dá-me a tua mão

-não ouves o tom sussurrado da minha voz?
Não é uma ordem, é um pedido -

unhas quadradas, compridas
pele alva
morna, tão morna

(mão com sabedoria e paixões de poesia e
memórias e alvoroço e vida e seiva e tudo)

Vou encostar o meu rosto à tua mão

-sentes?-

Deixa-a ficar
...assim...
de mansinho sob o meu rosto,
quieta e inebriada
pelo meu toque, doce e inocente
mas palpitante.

Quero apenas senti-la, à tua mão,
na minha face
E o teu toque transmitindo-me o mundo,
o teu mundo
sem tempestades
sem fúrias!

(a não ser aquelas que existem dentro de nós)

Vou sentir o teu cerne
nesse simples toque
que não me assusta.
E
que me deixa confiante adormecer

(sabendo que me ficas a contemplar –encantado e feliz-)

O meu rosto e a tua mão... assim...

-sentes, não sentes?-

peles tocando-se e
partilhando-se e
conhecendo-se...
em silêncio de comunhão.

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