Breve Introdução por Maria da Serra Verde...

Esta é uma história de amor bordada a dois na fina e delicada arte dos poetas…

Ela borda a linha azul
é uma mulher do mar, do ar, do céu…
aprecia o espaço e a liberdade…
é sonhadora e eloquente, procura a linha do horizonte…
mas nunca esquece a terra firme…
os seus pontos são laboriosos, pequeninos e delicados…
em contraste com a decisão e firmeza de quem sabe o que quer!

Ele borda a linha verde
é um homem da floresta, da montanha…
das gélidas invernias, das paisagens bucólicas e silvestres,
que preza a pacatez e tranquilidade dos dias…
é um idealista, vive sempre noutras dimensões mais atrás ou mais adiante no tempo
os seus pontos são elaborados mas nem sempre com remates seguros!

Entre ambos a trama… da ideia, do sonho, da poesia!
E o crescendo do sentimento que se transforma em amor…

Encontram-se algures na vida…
percorrem-na saboreando as palavras que trocam como acto transcendente de cumplicidade.

Perdem-se um no outro…

Mais à frente as linhas da vida divergem.
E esta rouba-lhes o tempo, tira-lhes o espaço …
Mas as palavras bordadas pelos poetas, essas, permanecem!
Como testemunho do sublime que, um dia, aconteceu entre ambos!

domingo, março 23

(Ele)... e sei-lá-mais-o-quê!

Paciência, eu devia ter paciência.
Não me vou esquecer de escrever cem vezes num caderno, antes de me deitar: eu preciso de ter paciência!
Paciência... com o prosaico da vida que me enerva e enraivece e desatina e sei-lá-mais-o-quê!
Não tenho paciência para o corriqueiro, para o banal, para o que não é sublime!
Hoje, perco a paciência com os actos quotidianos!

Quero endoidecer-me de ti!
Rui Knopfli, excerto do poema IF

................................................

(...)
Se, contabilista
Resistires à falsificação da escrita
À tentação da ‘caixa’;
Se, empregado,
Souberes oferecer ao patrão
O sorriso e a vénia modelares,
Em vez do gesto indecente, descarado,
Do gesto português.

(é preciso, é preciso)
...

então meu filho, serás um homem
geralmente respeitado e admirado
pelos teus concidadãos.

Entretanto formulo um obscuro voto
para que, nalgumas destas alternativas,
te percas, meu filho, sem remissão.

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