Breve Introdução por Maria da Serra Verde...

Esta é uma história de amor bordada a dois na fina e delicada arte dos poetas…

Ela borda a linha azul
é uma mulher do mar, do ar, do céu…
aprecia o espaço e a liberdade…
é sonhadora e eloquente, procura a linha do horizonte…
mas nunca esquece a terra firme…
os seus pontos são laboriosos, pequeninos e delicados…
em contraste com a decisão e firmeza de quem sabe o que quer!

Ele borda a linha verde
é um homem da floresta, da montanha…
das gélidas invernias, das paisagens bucólicas e silvestres,
que preza a pacatez e tranquilidade dos dias…
é um idealista, vive sempre noutras dimensões mais atrás ou mais adiante no tempo
os seus pontos são elaborados mas nem sempre com remates seguros!

Entre ambos a trama… da ideia, do sonho, da poesia!
E o crescendo do sentimento que se transforma em amor…

Encontram-se algures na vida…
percorrem-na saboreando as palavras que trocam como acto transcendente de cumplicidade.

Perdem-se um no outro…

Mais à frente as linhas da vida divergem.
E esta rouba-lhes o tempo, tira-lhes o espaço …
Mas as palavras bordadas pelos poetas, essas, permanecem!
Como testemunho do sublime que, um dia, aconteceu entre ambos!

quinta-feira, maio 1

(Ele)... sinto-me velho hoje!

Hoje, sinto-me velho! Olho o meu rosto ao espelho e
ele não me devolve a imagem de todos os outros dias.
Estás longe e eu não compreendo porque não estás perto.
Sinto-me velho, velho, velho!
Como se a vida, no dia de hoje, se tivesse esvaído e eu
só conseguisse bordar estas palavras como se fossem as últimas palavras…
Do Rui Knopfli, mais um poema

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Não envelheço. Torno-me antigo.
O velho sempre viveu em mim,
sempre o pressenti no olhar
magoado, demorando-se nas coisas, em certa lentidão não premeditada
dos gestos e nas lembranças confusas
de uma outra recuada idade.
Sempre aflorou na mão e na estima
triste que se estende aos amigos,
na aresta de desconsolo que espreita
as minhas horas de amor.
O velho sempre viveu em mim.
Eis que, enfim, o reboco
se lhe começa a assemelhar.

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